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"É primordial que o paisagista tenha domínio sobre as práticas de Green Building"


  O GBC está presente aqui no país desde 2007 e conta com o suporte de quase 500 empresas membros, entre elas Alcoa, Amanco, Cushman & WakeField, JHSF, Rossi Residencial, Wal-Mart, Petrobrás Distribuidora, Votorantin e Gerdau. Todas elas apóiam as atividades da organização por estarem engajadas no mercado da construção sustentável, seja por meio da adoção de práticas de green building em suas instalações ou ofertando materiais e serviços eficientes e responsáveis do ponto de vista sócio ambiental.

  O sucesso da atuação do GBCB pode ser medido pelo crescimento da certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) no Brasil. Em 2007, o selo recebeu o primeiro pedido de um empreendimento brasileiro e também da América Latina. Esse engajamento deve ser comemorado já que a construção civil é um dos setores que mais agride o meio ambiente, sendo responsável pelo consumo de 21% da água tratada, 42% da eletricidade, 25% das emissões de CO2 indiretas e 65% da geração de resíduos. Em contrapartida, construir sustentável traz diversos benefícios ambientais: o consumo de energia é, em média, 30% menor; o consumo de água sofre redução de 30% a 50%; a redução da emissão de CO2 pode alcançar 30% e da geração de resíduos varia de 50% a 90%.

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Prédio da rede Mc Donald´s construído através das práticas de Green Building

  Ao contrário do que ainda se pensa, as construções verdes não têm custos tão elevados. Em relação à obra convencional, o valor pode ser de 2% a 7% maior. Mas esses custos são rapidamente pagos pela economia na operação (manutenção, água, energia, segurança e TI) que pode chegar a 9% durante a vida útil do empreendimento. Além disso, um prédio verde tem payback de 3 a 5 anos, enquanto o convencional se dá entre 5 e 10 anos.

A reportagem do Paisagismo em Foco entrevistou a paulistana Maria Clara Coracini, presidente Green Building Brasil. Administradora, empresária e design de interiores, com ampla experiência em finanças, recursos humanos, negócios e infraestrutura, Maria atuou durante 30 anos na multinacional DuPont.

A seguir, os principais trechos de nossa entrevista. 

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Qual a importância do paisagista na concepção das construções sustentáveis e de que forma os projetos de Paisagismo podem contribuir na adoção de práticas de Green Building?

   É primordial que o paisagista tenha domínio sobre as práticas de Green Building para poder contribuir da melhor forma na concepção das construções e espaços sustentáveis. O paisagista deve ser parte da equipe multifuncional e participar desde o princípio da concepção e planejamento do empreeendimento. Um projeto bem planejado com o comprometimento de todos os profissionais envolvidos, quando sai do papel para a execução, já teve todos os assuntos discutidos e resolvidos. O potencial dessa obra ter sucesso, ser realizada dentro do prazo, com qualidade exemplar e com impacto minimizado ao meio ambiente é infinitamente maior que uma obra sem planejamento.

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                                           O Tec Garden® (jardins sobre laje) é um dos novos                                                produtos existentes no mercado que valorizam a sustentabilidade 

A sustentabilidade passou a integrar a agenda dos líderes e formadores de opinião. De fato, pode-se afirmar que este conceito passou a ser uma exigência dos compradores. Por quê?

 Alguns setores do mercado, como por exemplo, grandes empresas, investidores imobiliários, escritórios de multinacionais, já têm este requisito como básico, e vêm ocupando ou adquirindo os edifícios comerciais de alto padrão, pois conhecem o diferencial e o benefício que um green building ou um empreendimento certificado traz em termos sociais, econômicos e ambientais. Esses empreendimentos são mais agradáveis, saudáveis, produzem ganhos de produtividade, são mais eficientes, mais valorizados e reduzem consideravelmente o impacto da construção no meio ambiente.

Construir de forma sustentável aqui no Brasil, pode elevar o preço final do projeto?

  Uma construção sustentável é uma construção que foi bem planejada antes de ser executada, e isto ajuda a torná-la mais barata. Materiais, equipamentos e sistemas indicados para tornar uma construção mais sustentável têm sido cada vez mais presentes em todas as áreas e já há uma oferta maior por parte dos fornecedores locais. Também são requisitos básicos de uma empresa sustentável, o pagamento correto dos impostos, o registro dos funcionários, o uso de equipamentos básicos de segurança, etc. O conjunto das boas práticas pode gerar algum custo a mais em torno de 3 a 5%, que é compensado na operação e manutenção do empreendimento ao longo de sua vida útil, além da maior valorização do mesmo.

Qual o balanço do 2ª Greenbuilding Brasil - Conferência Internacional & Expo? Fale sobre a participação do arquiteto paisagista Benedito Abbud.

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Palestra realizada no 2ª Greenbuilding Brasil - Conferência Internacional & Expo

  A Conferência teve quase 1200 participantes e foi novamente reconhecida por todos por seu alto conteúdo técnico, qualidade e pertinência dos temas. É muito importante que profissionais como Benedito Abbud possam compartilhar exemplos práticos ao público como soluções de aproveitamento de recursos naturais que atendam os aspectos de sustentabilidade. Isto dá credibilidade às iniciativas e inspiram outros profissionais a buscar alternativas sustentáveis e implantá-las em seus projetos.

Os GBCs estão presentes em mais de 80 países e o braço brasileiro é um dos mais atuantes e referência pelos avanços conquistados no país. Quais seriam esses avanços conquistados?

  O GBC Brasil, fundado em 2007, é hoje no Brasil uma organização de referência para a construção sustentável. Somos apoiados por mais de 460 membros; nosso programa nacional de educação teve ao longo desses anos, mais de 29.000 participantes em seminários, congressos e cursos sobre o tema; a promoção da certificação LEED como ferramenta eficiente e prática para assegurar que um empreendimento seja construído de forma sustentável tem ajudado no crescimento do número de registros que já ultrapassam 340, distribuídos entre 19 estados mais o Distrito Federal, sendo que 35 já foram certificados.

Atualmente, o Brasil é o quarto país no ranking mundial de construções verdes com 35 prédios certificados e 308 em processo de certificação, atrás apenas dos Estados Unidos, Emirados Árabes e China. Em sua opinião, o número de "edifícios verdes" deve aumentar aqui no Brasil? Quais serão as medidas adotadas pelo GBC Brasil para que ocorra esse superávit?

   Acreditamos que este número venha a aumentar a cada ano, pois seus benefícios têm sido cada vez mais conhecidos pelo público. Além das vantagens econômicas de menor custo de operação e manutenção, e maior valorização do empreendimento, há os benefícios sociais e ambientais, como maior conforto para as pessoas, maior qualidade ambiental interna e externa, menores riscos à saúde das pessoas, otimização e redução no uso dos recursos naturais, impacto no meio ambiente, maior produtividade, etc.

Fale sobre as campanhas de marketing e mídia, que são realizadas pelo GBC Brasil e de que forma elas auxiliam na propagação do conceito?

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Campanha MOMA: "Por que só as nossas construções destroem cada vez mais?"

   O GBC procura aproximar-se das pessoas com soluções práticas para que elas participem do movimento de “green building” ajudando a reduzir o impacto que as construções causam ao meio ambiente. Uma das campanhas é a do “One Degree Less” – um grau a menos – que estimula a redução das ilhas de calor nas grandes cidades através da adoção de telhados e pavimentos de cor clara, que refletem o calor para a atmosfera. A outra campanha, também trabalhada pela MOMA, é a mais atual, e questiona "Por que só as nossas construções destroem cada vez mais?" quando comparadas ao ninho das aves, à colmeia das abelhas e a moradia das formigas, que ao longo dos anos convivem pacificamente e equilibradamente com a natureza, ao contrário das nossas que vêm utilizando os recursos naturais descontroladamente, afetando a camada de ozônio através de seus materiais e equipamentos, poluindo rios e enchendo aterros.

Aponte as principais razões para uma empresa apoiar o GBC Brasil e de que forma elas podem se engajar no mercado de construção sustentável?

   O GBC Brasil é o conjunto de seus membros e o que podemos fazer juntos para mudar a cultura da construção no país. Uma empresa apenas não é capaz de gerar um movimento importante como esse. Ao engajar-se ao GBC, ela passa a ter acessos a mais informações sobre o tema, a participar de um networking de empresas engajadas, a participar de comitês técnicos e poder colaborar em aspectos importantes para o setor no país, ter descontos em eventos, cursos e seminários, etc.

De que forma o GBC Brasil vai atuar na construção de empreendimentos ligados aos eventos esportivos (Copa e Olimpíadas) que serão realizados aqui no Brasil? O "selo verde" deve ser inserido nessas construções? Quais?

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O estádio de Brasília pleiteia a certificação Leed Platinum, selo máximo da construção 

   O GBC tem contribuído compartilhando conhecimento sobre os benefícios que os “green buildings” pode gerar para a sociedade, para o meio ambiente e para a economia de um país.  São práticas de construção sustentável que vêm sendo inseridas em cadernos de obra de governos, em editais de licitação, são fontes para criação de leis, incentivos, etc. A certificação é uma garantia que as construções vão seguir as práticas, e, portanto, vem sendo adotadas como requisitos para as licitações, empréstimos, etc. Com a proximidade dos eventos esportivos que o país irá sediar, o GBC Brasil sentiu a necessidade de atuar para que os impactos ambientais dessas grandes construções fossem minimizados. Por isso, a convite do Comitê Olímpico Brasileiro elaborou os critérios de sustentabilidade que guiarão as obras feitas para os Jogos Olímpicos. Também está assessorando o BNDES nos processos para certificação dos estádios da Copa 2014. Oito estádios sede da Copa de 2014 estão registrados no LEED e a expectativa do GBC é alcançar 10 dos 12 estádios sede. 

O GBC Brasil oferece cursos, seminários, pós, MBA´s. De que forma as pessoas podem participar? Além disso, fale sobre os concursos oferecidos pela organização.

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   O GBC elegeu desde o princípio o pilar de educação como primordial para disseminar conhecimento entre os profissionais da indústria da construção. Desta forma, tem buscado oferecer vários meios para que os profissionais aperfeiçoem seu conhecimento, seja através de cursos de curta duração até outros de pós ou MBA, presentes em várias capitais do Brasil. Outras formas de educação são os seminários e congressos que promovemos e participamos. Para conhecer o portfólio de cursos oferecidos pelo GBC, basta acessar o site www.gbcbrasil.org.br.

   Em 2011, o GBC decidiu lançar o primeiro Prêmio Green Building Brasil, para reconhecer profissionais, empreendimentos, empresas, e obras, no total de 10 categorias, por seus feitos e exemplos de liderança no movimento de “green building” no Brasil. Este prêmio certamente deverá estimular que outras empresas presentes no mercado de construção passem a fazer parte do movimento da construção sustentável. O prêmio contará nesta fase com a votação popular, que irá até o dia 24 de outubro. Os internautas do Paisagismo em Foco poderão acessar o site do GBC Brasil ou do prêmio (www.premiogbb.org.br) e participar através de seu voto. Lá encontrará o histórico dos 30 finalistas para poder tomar uma decisão sobre o melhor de cada categoria.

Anote na agenda!

A Greenbuilding Brasil Conferência Internacional & Expo 2012 chega a sua 3ª edição em 2012 e já tem data e local: os dias 11 e 13 de setembro no Transamérica Expo Center, em São Paulo. A feira foi ampliada para 6.500 m² de área de exposição e a conferência permanecerá composta por plenárias, palestras técnicas e especialistas do Brasil e do exterior.

Imagens: divulgação