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Entrevistamos Bia Dória


Logo pela manhã fomos para a sua galeria, localizada na badalada Alameda Gabriel Monteiro da Silva, (SP), que é sem dúvida uma ótima oportunidade para refletir e conferir pessoalmente que aquilo que seria inutilizado pode se tornar algo vivo, belo, único e imortal. Fomos recebidos de forma afável por Emília Barrios, que apresentou e explicou algumas das obras criadas por Bia.Em seguida, a equipe do portal Paisagismo em Foco teve a oportunidade de conversar pessoalmente com a artista em seu próprio ateliê, onde ela produzia, dentre outras obras, a série Olimpíadas. Ela se diz apaixonada pela natureza, pelo campo e afirma que sempre "foi do mato". E essa simplicidade se traduziu também na forma como fomos recebidos por ela. Confira trechos exclusivos desta entrevista.

 

Bia Doria

"Adoro o bairro de Alphaville. Conheço a região e tenho alguns clientes e
amigos por lá. A Sueli Adorni, por exemplo, possui obras minhas"

O trabalho realizado pela artista incorpora peças oriundas da natureza, sua principal fonte de inspiração. Além disso, utiliza árvores nativas resgatadas da destruição natural, queimadas e desmatamentos, raízes, troncos de árvores, cipós, fibra natural, que exigem um processo de higienização até a sua preservação. "São materiais difíceis de serem trabalhados. A série 'Bailarinas da Natureza', por exemplo, foi constituída através da floresta de manejo - floresta legalizada, onde a forma de extração não prejudica as demais árvores, tudo de acordo com a lei e sob fiscalização. Tudo aquilo que eu encontro e vejo que está se deteriorando eu trago para o meu ateliê e eternizo", explica. Bia como todo nativo de touro é muito determinada e com o tempo provou para si mesma que o hobby poderia tornar-se profissão.Começou presenteando algumas pessoas e amigos e hoje suas peças são encomendadas até mesmo por pessoas de outros países. Acompanhamos inclusive uma obra que está sendo feita exclusivamente para o diretor de cinema James Cameron, responsável pela maior bilheteria de todos os tempos nos cinemas com o filme "Avatar".

Raízes

Por falar em "Avatar", o longa é o preferido de Bia que admite ter assistido 5 vezes. "Me identifiquei muito com o filme pelo fato da forte ligação que os Na´vi possuem com Pandora, o seu planeta, numa espécie de raíz mesmo, onde todos são interligados". Para ela, a raiz pode ser considerada uma obra pronta, oferecida pela natureza com muita sensibilidade e harmonia.

Aprendizado

O artista plástico e escultor polônes naturalizado no Brasil Frans Krajcberg é sem dúvida uma referência para Bia Dória. Além de ser uma fonte de inspiração do seu trabalho, a artista fez dele seu mestre. A convivência com Frans contribuiu para que ela seguisse seu caminho em direção à arte, sempre atenta a necessidade de evolução do homem. Além de estar engajada com as causa ambientais, ela também tenta salvar o museu Frans Krajcberg, localizado em Curitiba.

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Viagens e experiências

"Estive no Camboja e visitei o Parque arqueológico de Angkor, um dos três maiores do mundo, considerado patrimônio histórico pela UNESCO. Percebi que temos um Camboja por aqui mesmo e a Amazônia é o maior exemplo de toda essa diversidade". Bia afirma que já conhece inúmeros países, por isso, ela acha que está na hora de desbravar o Cerrado brasileiro, para que dessa forma venha a ter novas inspirações e influências. A artista sempre está em busca de novos conhecimentos e material para desenvolver novas esculturas para seu acervo.

Galeria Bia Dória

Bia não está costumada a trabalhar com peças e obras de pequeno porte, por isso, percebeu há alguns anos que estava na hora de ter um espaço próprio, com a sua identidade e que pudesse expor os seus trabalhos. Decidiu abrir a Galeria Bia Dória, localizada na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, que é ponto de encontro de arquitetos, decoradores e paisagistas. A infraestrura do local impressiona! Através de um projeto arquitetônico ousado, elaborado por João Armentano, há dois espaços expositivos distintos: o principal, no térreo, e um mezanino. A programação inicial é manter o andar térreo para intercâmbio cultural com acervos de vários artistas, encontros, debates sobre artes, lançamentos de livros, exposições e eventos. Já o mezanino estará em mostra permanente a exposição das esculturas da artista.

Bia Doria

É possível viver através da arte no Brasil ?

Bia pensou por alguns instantes e foi categórica: "Não! não é possível viver de arte hoje no Brasil. A não ser que eu faça algo que eu não gosto. Se eu fizesse somente o que eu gosto, não conseguiria sobreviver. Os brasileiros têm medo do novo e não estão desprovidos de algo diferenciado. Às vezes tenho que fazer obras que eu não gostaria, mas que atende os anseios do cliente. O brasileiro também não admira esculturas feitas em madeira, como os europeus, por exemplo, pode ser que seja devido a grande diversidade desse material, o que não ocorre lá fora. Aqui ainda se valoriza muito o bronze, por exemplo. Os artistas tentam inovar, mas as pessoas ainda gostam de ostentar o que é clássico".

Design de exteriores

Notoriamente, as obras de Bia poderiam ficar expostas na parte exterior de residências, empresas, eventos, entre outros ambientes, porém, infelizmente esse acaba não sendo o local ideal. A madeira, com o passar do tempo, sofre alterações devido as mudanças climáticas que podem danificar as obras e esculturas. Portanto, suas obras passam a ser especificamente elaboradas para os ambientes internos, o que não impede de o cliente encomendar uma peça feita com material diferenciado. Por falar em ambiente externo, o renomado paisagista Gilberto Elkis foi o responsável pelo projeto paisagístico da residência de Bia Dória, que se diz apaixonada por plantas e flores. "Faço questão de cuidar pessoalmente das minhas orquídeas. É extretamente importante ter um profissional responsável pelo projeto do seu jardim, isso faz toda a diferença", ressalta.

Obras que ganham vida

É interessante quando percebemos que resíduos tão simples como madeiras e pedras que seriam descartados, podem ganhar vida nas mãos da artista plástica Bia Dória. Envelhecer e não ter mais energia é o seu maior medo. Ela sonha em ser um dia reconhecida pelo seu trabalho e não apenas por ser esposa de uma personalidade. "Quero apenas deixar uma história para as pessoas, eternizando e respeitando as formas já existentes da natureza", finaliza.

Galeria Bia Dória

Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 1802

11 3063-0577 - São Paulo - SP

www.galeriabiadoria.com.br