
Mostra de Paisagismo Expoflora 2025 apresenta 18 ambientes que unem arte, memória e natureza
- A redação
A Mostra de Paisagismo da Expoflora 2025 chega repleta de inspirações, unindo tendências contemporâneas, lançamentos e criações que transformam o uso das plantas e flores no dia a dia. Em 18 ambientes exclusivos, profissionais renomados apresentam projetos que mesclam sustentabilidade, inovação, afeto e bem-estar, revelando como a natureza pode ser protagonista de lares, espaços urbanos e áreas de convivência.
Cada jardim ou cenário é um convite à reflexão e à emoção: há espaços que resgatam memórias afetivas, remetendo ao aconchego da casa da avó; outros que celebram a infância e o brincar livre em contato com a natureza; ambientes que exploram a integração da arte com o paisagismo; propostas que destacam saúde mental, sustentabilidade e sensibilidade ambiental; além de refúgios para o descanso, contemplação e reconexão interior.
Mais do que mostrar tendências, a Mostra reforça o papel do paisagismo como expressão de identidade e cuidado com o planeta. Materiais reciclados e reaproveitados, design biofílico, espécies nativas e arranjos tropicais estão entre as escolhas que inspiram visitantes a transformar seus próprios espaços.
Uma das novidades desta edição é o Espaço de Lançamentos: Natureza em Exposição: Obras-Primas Vivas.
Neste ambiente, cada planta e cada flor são tratadas como o que verdadeiramente são: obras-primas da natureza. A proposta é revelar o quanto a própria natureza é artista — mestre das formas, cores, texturas e ciclos. As novidades botânicas da Expoflora 2025 são apresentadas em nichos e torres iluminadas como vitrines, com spots de luz e molduras douradas que lembram um museu de arte. Em vez de telas e pincéis, o que vemos são pétalas, folhas e hastes em constante transformação, que falam de beleza, originalidade e diversidade. Ao valorizar essas espécies como manifestações vivas de sensibilidade, o espaço convida o público a ressignificar a presença das plantas em seus lares: ter uma planta é como ter um quadro em movimento, uma obra única da natureza que transforma o ambiente e a vida de quem convive com ela.
Ambiente 01 – Um jardim de memórias: o aconchego da casa da avó
Com janelas antigas pintadas de azul, este espaço da paisagista Neide Tobias é um abraço em forma de jardim. Cortinas xadrez, móveis de madeira, crótons vibrantes, barro, bambu e vasos de amor perfeito nas floreiras nos levam direto para a varanda da infância — onde o tempo parecia andar mais devagar. Um oratório, com Nossa Senhora do Parto esculpida em madeira, completa esse santuário afetivo, onde cada planta carrega uma lembrança e cada canto é um reencontro com o lar.
Além da memória, afeto e criatividade, o espaço traz ideias simples de reaproveitamento de materiais, como as janelas que saíram de uma obra de demolição e foram alocadas em frente a um container. Diante delas, ergue-se um pergolado com esteiras de bambu que filtra a luz de forma suave, evocando a simplicidade das casas do interior.
O espaço é cercado por crótons e destacado por espécies como mandevillas, bambu, begônia cerosa, dracena codoilin, alpina purpurata e guaimbê. Nas janelas, floreiras repletas de amor perfeito trazem delicadeza em meio ao rústico.
Neide Tobias espera que cada visitante leve consigo não apenas a beleza das formas e cores, mas também a sensação de aconchego e pertencimento. Seu ambiente é um convite a revisitar a infância, resgatar memórias familiares e redescobrir o valor do simples, onde a natureza e os afetos se encontram em perfeita harmonia.
Ambiente 02 – Espaço Cheio de Mistério
Como um aroma de café que se espalha pela manhã, o ambiente das irmãs Pezotti nos envolve aos poucos. É um refúgio sensorial que desperta curiosidade em cada curva, em cada planta, em cada arranjo escondido entre as folhagens tropicais. Texturas rústicas, móveis artesanais e o canto do café nos convidam a desacelerar, contemplar e redescobrir o encanto da simplicidade. Um passeio entre o real e o imaginado, onde a natureza sussurra segredos do cotidiano.
O projeto valoriza tendências que unem paisagismo imersivo, camadas vegetais e integração com a realidade local. Caminhos, recantos e arranjos foram criados para provocar a sensação de descoberta, como se cada canto guardasse um segredo. A atmosfera é reforçada pelo uso de cerâmica, porcelanato, móveis rústicos em madeira e peças artesanais, que dialogam com o verde abundante e a iluminação acolhedora.
As espécies escolhidas — entre elas jiboia, samambaia, bananeira ornamental, costela de adão, orquídeas, antúrios e palmeiras — reforçam o clima tropical, misterioso e aconchegante.
O espaço também inspira práticas acessíveis que podem ser reproduzidas em casa: arranjos simples em vasos, combinações de texturas naturais e detalhes rústicos mostram que a beleza está ao alcance de todos. O destaque é o cantinho do café, que não apenas remete à realidade da família Pezotti, mas também simboliza a pausa, a contemplação e a autenticidade da vida no campo.
A arquiteta Stellamaris e a designer de interiores Ester Pezotti esperam que com esse ambiente o público possa sentir, desacelerar e se conectar com o que é essencial: a natureza, a simplicidade e a magia do cotidiano.
Ambiente 03 – Um refúgio afetivo onde a natureza entra pela janela
Com assinatura de Danilo Pagani Gürtler, esse espaço é poesia feita de barro, palha e verde. Construído com as próprias mãos e memórias, o ambiente mistura o design biofílico à ternura do “faça você mesmo”. A paleta de cores acolhe, o piso drenante respeita a terra, e as plantas tropicais crescem como quem conta histórias de raiz. Aqui, natureza e afeto moram lado a lado — provando que transformar um espaço é também transformar a vida.
A proposta segue o conceito de design biofílico, com estudo cromático baseado na regra 60-30-10: 60% verde, 30% bege e 10% terracota, cores que evocam acolhimento e harmonia. O mobiliário de formas orgânicas reforça a integração entre arquitetura e natureza.
O espaço utiliza piso drenante, contribuindo para a sustentabilidade hídrica, além de materiais naturais e de fácil manutenção. Espécies tropicais como helicônia real, alpínia e guaimbê criam um jardim exuberante, resistente e adaptado ao clima. Cada detalhe reforça a valorização das raízes culturais brasileiras, com barro, palha e texturas naturais.
Danilo destaca que o ambiente foi pensado para ser acessível e inspirar visitantes a criarem, em suas casas, recantos afetivos e funcionais. O grande destaque está na parede de revestimentos, construída pelo próprio arquiteto com ajuda de familiares e amigos, carregando histórias e memórias compartilhadas.
Ambiente 04 – Encantos da Roça
A artista Marisa Trippia transforma lembranças rurais em poesia visual. Neste jardim, cada objeto conta uma história: cabaças viram arte, rodas de carro de boi ganham alma, panelas de barro se tornam relicários de memória. A tela da menina que pinta flores — símbolo de esperança e beleza — ecoa a mensagem que atravessa todo o espaço: “colorindo sua vida, ela floresce”.
Aqui, a simplicidade do campo vira cenário de criatividade, em meio a kalanchoes, alpínias e dracenas. Encantos da Roça é mais que paisagismo — é afeto bordado com terra, flores e lembranças, onde o fazer com as mãos se transforma em um gesto de amor.
Mais do que um espaço expositivo, a artista plástica quer trazer ao visitante, no ambiente Encantos da Roça, a alegria de viver, a integração com a natureza e a certeza de que, com criatividade e vontade, todos são capazes de criar beleza e significado a partir do simples.
Ambiente 05 – Jardim Encantado
Com o olhar sensível de Swenne Dragstra, este jardim prova que a beleza cabe em qualquer quintal. Usando plantas fáceis de cuidar, pinheiros reciclados e cata-ventos coloridos que dançam com o vento, o espaço brinca com o lúdico e o sustentável.
O Viraflor, símbolo de leveza e movimento, reina como totem da alegria simples. Este não é só um jardim bonito — é uma ideia possível. É um convite para transformar, com criatividade e carinho, qualquer cantinho em um refúgio encantado. Uma aula prática de bem-estar com as raízes fincadas no acessível.
O destaque vai para o Viraflor, cata-vento que já conquistou sucesso em todo o Brasil e que, no Jardim Encantado, simboliza a integração entre arte, natureza e simplicidade.
A proposta é que cada visitante saia do espaço não apenas encantado com a atmosfera, mas também levando consigo ideias viáveis para aplicar em seu próprio lar, tornando o contato com a natureza parte do dia a dia.
Ambiente 06 – Harmonia ao Ar Livre
Assinado pela paisagista Neide Tobias e pela arquiteta e paisagista Carla Dadazzio, o espaço foi pensado como um verdadeiro refúgio verde, onde a conexão entre pessoas e natureza acontece de forma natural e acolhedora. O projeto valoriza o contraste entre a exuberância das folhagens tropicais e a vivacidade das flores coloridas, que conferem dinamismo, movimento e frescor ao jardim.
A escolha dos móveis em madeira e fibras naturais reforça o espírito de aconchego, criando áreas de convivência que se integram harmoniosamente ao entorno verde. Cada canto foi desenhado para proporcionar experiências distintas: a mesa central, ideal para refeições e longas conversas; o lounge, com poltronas e balanço, que convida ao descanso; e a área das redes, dedicada à contemplação silenciosa e ao reencontro com o interior.
Os detalhes criativos revelam a originalidade do projeto, como vasos adornados com cachos de palmeiras e o lustre artesanal, confeccionado a partir de formas de bolo e aro de moto, que sustenta plantas pendentes em delicada queda.
Mais do que um jardim, trata-se de um espaço de união, equilíbrio e partilha, em que o paisagismo se apresenta como elo sensível entre o ser humano e a essência da natureza.
Ambiente 07 – Raízes do Brasil: Entre Folhas e Areias
Assinado por Gisele Oliveira (botânica paisagista) e Luiza Bueno de Souza (arquiteta paisagista), este jardim é um passeio pelas veias verdes do Brasil. Um lado evoca os Lençóis Maranhenses e o Cerrado com suas bacias de aguapé, estrelinhas e areia viva; o outro nos leva à Mata Atlântica, com suas sombras generosas e folhagens fartas. Inspirado por viagens ao Maranhão e por expedições a diferentes regiões do país, o projeto celebra a fusão entre natureza e cultura popular, revelando a força da biodiversidade e o valor das tradições artesanais.
Materiais sustentáveis e reaproveitados, como a tradicional “cerca de vara” feita de galhos secos, se unem a kokedamas, ilustrações botânicas, mobiliário artesanal e gravuras que resgatam a arte botânica de Margaret Mee. O resultado é um jardim vivo, afetivo e inclusivo, que valoriza tanto pessoas quanto animais, convidando ao convívio harmônico.
Mais que um espaço verde, Raízes do Brasil é um manifesto de pertencimento — onde a terra fala, a cultura floresce, e cada planta carrega a alma de um país que pulsa entre folhas e areias.
Ambiente 08 – Aromas e Aconchego de Casa
Na estreia da paisagista Paulimara Pagani Rodrigues, o jardim vira lar e memória. Inspirado nos quintais de antigamente, este espaço nos abraça com aromas de ervas frescas, o toque do macramê feito à mão e o charme das kokedamas suspensas, que flutuam como lembranças leves.
O sofá vintage de couro cinza nos convida a sentar e lembrar dos dias mais simples, onde o tempo era outro e o carinho morava em cada canto. “Aromas e Aconchego” é mais do que um jardim — é uma casa sem paredes, onde natureza e afeto se entrelaçam para nos lembrar que, às vezes, o essencial é aquilo que já sentimos antes.
A decoração, composta por móveis artesanais e peças únicas, transmite a sensação de estar em um lar verdadeiro, onde cada detalhe foi pensado para oferecer conforto, beleza e significado.
Mais do que um jardim, Aromas e Aconchego de Casa é uma experiência de memória e sensibilidade, que convida os visitantes a se sentirem abraçados pela natureza, pelos aromas e pelo afeto presente em cada canto do espaço.
Ambiente 09 – Jardim dos Sentidos
Com assinatura de Carla Dadazio (Studio Arkhe), este espaço é uma viagem interior guiada pelos cinco sentidos, que podem transformar a experiência em um jardim em algo mais profundo e memorável. Aqui o olhar é estimulado por diferentes formas, cores e texturas, realçadas pela iluminação estratégica e pelo cobogó da Zeus Revestimentos, que integra beleza e funcionalidade. O ouvido se acalma com a melodia da água corrente, e o tato encontra poesia em bambus, pedras e folhas.
O olfato é despertado por lavanda, alecrim e aromas que aquecem a alma, enquanto o paladar floresce com frutíferas e ervas colhidas do próprio solo.
Entre fontes, balanço em forma de ninho e bacias aquáticas autossuficientes, o jardim se desdobra em três estações: acolhimento, relaxamento e descanso. Um espaço de cura e presença, onde cada passo é um convite a sentir mais e pensar menos.
O projeto ainda reforça os benefícios de um jardim sensorial: redução do estresse, estímulo à criatividade, melhora do sono e incentivo ao movimento. Materiais sustentáveis e reaproveitados foram utilizados, como bambu em suportes, fontes e vasos, além de cordas, palitos de churrasco e luminárias feitas de forma artesanal.
Mais do que contemplar, o visitante é convidado a sentir — e a levar consigo a inspiração para criar ou adaptar um jardim sensorial em sua própria casa, cultivando momentos de conexão e
Ambiente 10 – Espaço Sentir: Jardim de Dentro
O Espaço Sentir – Jardim de Dentro, assinado pela arquiteta Tycillia Akane Tahara e pelo artista plástico Francisco Suelo, com a colaboração do Grupo Sinal Verde e da engenheira civil Priscila Fortunato, foi criado para despertar emoções e experiências sensoriais. Mais do que um espaço, é um espelho da alma — um território onde arte, paisagismo e afetos se entrelaçam com profundidade.
Destaques como a “Noite Estrelada” em releitura tátil com girassóis e pallets, ou o Relógio de Dali feito em madeira e dominós, transformam o ambiente em uma exposição viva de memórias e símbolos. Outros elementos trazem poesia e reflexão, como a cachoeira sustentável brutalista construída com pallets, e a cadeira Drey, envolta por espadas-de-São-Jorge, em alusão à força e proteção.
A natureza entra como guardiã sensível, com girassóis, espadas-de-São-Jorge e tijolos ecológicos que constroem, ao mesmo tempo, cenário e consciência. “Jardim de Dentro” é um espaço de pausa e pertencimento, onde se planta o silêncio e colhe-se sentimento.
Mais do que um jardim, o espaço é uma metáfora: um convite a redescobrir o “jardim de dentro”, aquele lugar íntimo de memórias afetivas, contemplação e equilíbrio. Ao percorrer o ambiente, o visitante é instigado a pausar, sentir e refletir sobre suas próprias emoções. É uma homenagem a Holambra e ao poder transformador da arte e da natureza, que se unem para
Ambiente 11 – Arquitetura Paisagística Sensível à Água: um pátio que transforma a relação com o território
Projeto coletivo por Moringa Arquitetura da Paisagem, Goya Arquitetura, Satélite Studio e jardim vertical. O espaço apresenta soluções sustentáveis como jardins de chuva, verticais e suspensos, além de construções em terra e taipa de pilão. O projeto mostra como o paisagismo pode ser sensível à água, aproveitando recursos naturais e reduzindo impactos ambientais. Com plantas nativas brasileiras, piso drenante e materiais reciclados, o ambiente inspira o visitante a repensar formas de habitar o território com consciência ecológica e integração com a natureza.
Assinado pela arquiteta paisagista e urbanista Thais Teles Pimenta (Moringa Arquitetura da Paisagem e Urbanismo), em parceria com Nadezhda Mendes da Rocha (Satélite Studio) e Rodrigo Amaral Rocha (Goya Arquitetura), propõe um jardim que escuta o planeta. Este pátio experimental transforma técnicas ancestrais — como a taipa de pilão — em soluções para o futuro, integrando estética e inteligência ecológica.
Inspirado no conceito de drenagem urbana sensível, o projeto apresenta um pátio experimental que integra design, paisagismo e construção com terra, propondo novas formas de relação entre cidade e natureza. A proposta é guiada pelas Soluções Baseadas na Natureza (SBN), que unem estética, funcionalidade e sustentabilidade.
No espaço, elementos como o jardim de chuva, o canteiro pluvial, o jardim vertical e a taipa de terra dialogam para mostrar como é possível criar ambientes mais resilientes, eficientes e acolhedores. Todos os materiais foram escolhidos com foco em baixo impacto ambiental: paredes de taipa estabilizadas com cimento, pisos drenantes, placas de plástico reciclado e plantas nativas brasileiras, que demandam pouca irrigação, atraem fauna e garantem adaptação ao solo.
Entre os destaques, estão os Jardins Suspensos, que evocam a inspiração histórica dos jardins da Babilônia, mas em versão contemporânea e sustentável. Com módulos em alumínio e plástico reciclável, eles coletam e armazenam água da chuva, tornando-se autoirrigáveis. O espaço também valoriza a construção artesanal, como nas paredes de taipa, e aposta em sistemas que podem ser adaptados para casas, varandas, praças e edifícios, mostrando que a inovação pode nascer da tradição.
Mais do que contemplação, o ambiente convida o visitante a refletir: como nossas escolhas espaciais influenciam o futuro do planeta? A expectativa é que cada pessoa saia inspirada a enxergar os jardins — públicos ou privados — como aliados para uma vida mais sustentável e como espaços capazes de melhorar a qualidade ambiental e social.
Ambiente 12 – Office Garden
Criado por Matheus Fernando Francisco da Cruz, da Estaleiro Arquitetura, o Office Garden nasce do cansaço — e floresce como resposta ao excesso. É um manifesto por ambientes onde a produtividade caminha lado a lado com o bem-estar, o verde e o silêncio.
A ideia desse ambiente surgiu em meio a um período de intenso estresse, no qual o arquiteto se via enclausurado em jornadas de trabalho extensas, sem contato com o sol, o verde ou o ar puro. Dessa experiência, veio a pergunta que dá sentido ao projeto:
“Se é na natureza que a alma repousa e o corpo se renova, por que insistimos em viver longe dela?”
O Office Garden propõe derrubar as fronteiras entre dentro e fora, transformando o escritório em um lugar onde o trabalho dialoga com o canto dos pássaros, a luz natural, a brisa e o movimento das plantas. Um ambiente que estimula os sentidos de forma natural — através do toque das texturas, do som da água, do perfume da terra molhada e do contraste de luzes — em oposição aos estímulos artificiais que sobrecarregam a vida digital.
A sustentabilidade é o fio condutor do espaço. Foram utilizados materiais reaproveitados e ressignificados: madeira e tijolos de demolição, blocos de isopor coletados em caçambas de entulho, tinta de terra e concreto, demonstrando que é possível criar beleza a partir do simples e do descartado. A parceria com a Parafuso Provisório reforça essa proposta, trazendo mobiliários e objetos decorativos feitos de resíduos de obra e materiais coletados.
O paisagismo é outro ponto central, com espécies escolhidas pela resistência e pela capacidade de envolver os visitantes com múltiplas sensações. Entre elas estão calathea melancia, maranta tricolor, maranta charuto, costela-de-adão, singônio, jabuticabeira, samambaia, lavanda, afelandra, jiboia, cacto bola, pimentas e dinheiro-em-penca. Cada planta conecta-se a um sentido: cores vibrantes, aromas marcantes, sabores, texturas e movimento.
Duas obras emocionam: a mesa “Erros”, construída com imperfeições que sustentam; e o quadro “Cobertura”, feito das sobras de uma casa conquistada com esforço.
Mais do que um espaço de contemplação, o Office Garden é um convite à transformação. Ele provoca os visitantes a borrar os limites entre casa e jardim, interior e exterior, trabalho e descanso. É um manifesto em favor de ambientes que inspirem bem-estar, criatividade e qualidade de vida, resgatando a simplicidade essencial que só a natureza pode oferecer.
Ambiente 13 – Flor & Ser
O espaço Flor & Ser, assinado pelos paisagistas Fabiana Vieira e Fernando Comparoni, é um convite à reconexão com a natureza por meio da biofilia — conceito que inspira todo o projeto. Representado por um par de asas de anjo, o ambiente simboliza o cuidado invisível que a natureza oferece: a proteção que enraíza os pés e, ao mesmo tempo, eleva a alma.
Materiais reutilizados, muitos deles de ferro velho ganham nova vida: peças antigas transformadas em arte, madeiras e MDF recuperados, restos industriais e luminárias criadas de formas improváveis como de panelas derretidas, além de mobiliário rústico.
O paisagismo tropical é marcado por folhagens exuberantes, como costela-de-adão, filodendros, samambaias e a imponente ravenala, que dialogam com materiais rústicos como madeira, ferro, pedras e sucata. O projeto valoriza o reaproveitamento criativo, com elementos como uma pira de fogueira feita de bacia, canteiros forrados por paralelepípedos e placas de MDF reutilizadas, transformadas em suportes para pinturas botânicas.
A decoração biofílica cria um ambiente de acolhimento, onde a rusticidade se encontra com a sutileza. O destaque, as asas de anjo, aparece em diferentes pontos, reforçando a mensagem poética do espaço:
“é o par de asas que a natureza nos dá — para enraizar os pés e elevar a alma”.
Mais do que estética, Flor & Ser é uma experiência sensorial. A biofilia surge como elo entre ser humano e natureza, traduzida em bem-estar, paz e equilíbrio. Como resume o slogan do projeto, inspirado em um ditado holandês:
“Paz para quem aqui entra e bem-estar para quem daqui sai”.
Ambiente 14 – O Jardim que não se curva
Assinado pelo Coletivo Cataia, formado por Renato Carriti (designer-arquiteto e paisagista), Vanessa Vieira (artista-floral e paisagista) e Yully Hollowatj (arquiteta-paisagista), o espaço O Jardim que não se curva propõe uma reflexão profunda sobre a relação entre humanidade e natureza. Inspirado pela necessidade urgente de cultivar sensibilidade ambiental na sociedade contemporânea, o projeto questiona: onde termina o território artificial e começa o natural?
Com base em tendências como o Jardim Naturalista, o Jardim de Afeto e o design biofílico-sustentável, o espaço celebra tanto a força da biodiversidade quanto a memória afetiva dos jardins brasileiros cultivados por mães e avós. Um paisagismo propositalmente maximalista cria ondas de vegetação que parecem invadir o espaço doméstico, representando a Natureza retomando seu lugar de direito.
Materiais reaproveitados reforçam o discurso sustentável: madeira reciclada, revestimentos minerais residuais, peças garimpadas e mobiliário em upcycling. O destaque fica para elementos especialmente criados para a mostra: a mesa Delft, inspirada nos azulejos holandeses; a escrivaninha Maurice, feita de pranchão de árvore caída com pernas de balaústres resgatados; e o piso Hindeloopen, em micro pedrisco com cor exclusiva, homenagem à tradição doméstica dos Países Baixos.
Na vegetação, espécies da Mata Atlântica e do Cerrado, além de plantas exóticas já enraizadas na cultura brasileira, compõem um cenário híbrido entre o familiar e o selvagem, entre o cultivo caseiro e o resgate da floresta. O visitante é provocado a refletir: um jardim doméstico pode ser mais que representação, pode de fato contribuir para a sustentabilidade e para o equilíbrio climático?
Mais do que estética, O Jardim que não se curva é manifesto. Um espaço coletivo que celebra a colaboração entre profissionais e a potência da natureza. Ao caminhar por ele, o público é convidado a se inquietar com a força vegetal que insiste em crescer, lembrar do jardim afetivo de sua infância e compreender que a natureza não se dobra — ela existe para ser respeitada.
Ambiente 15 – Onde eu queria estar
Daniela Cristiane Inácio Moreno e Raquel Cury transformam o desejo de estar perto do mar em um refúgio tropical de bem-estar. Tons de areia, verde e terracota se misturam a fibras naturais, pedras e uma vegetação exuberante com monstera, helicônia, bromélia e árvore do viajante.
O arranjo de mesa com folhagens simples inspira o visitante a reproduzir a proposta em casa, provando que o encanto está também na simplicidade.
Entre os destaques, está o lançamento da banheira de imersão Salerno, da Mondialle, peça que acrescenta ainda mais sofisticação ao espaço, reforçando a ideia de um recanto para relaxar corpo e mente.
Mais do que um ambiente, Onde eu queria estar é um convite para despertar memórias afetivas, reviver a alegria de estar perto do mar e reconhecer que é possível transformar qualquer espaço em um refúgio de bem-estar, equilíbrio e contemplação.
Ambientes 16 e 17 – Descanso
Assinado por Mateus Ramos, Descanso é um jardim que acolhe corpo e alma. Entre lavandas, samambaias, orquídeas e antúrios, o silêncio vira cura, e a pausa, poesia. O espaço Descanso foi concebido como um refúgio para a mente e o corpo em meio ao ritmo acelerado da vida urbana. Inspirado na necessidade de pausa e contemplação, o jardim traduz serenidade através de formas orgânicas, cores suaves e aromas que acalmam a alma.
O projeto se ancora no conceito de bem-estar, valorizando a conexão com a natureza e a simplicidade dos detalhes. Os revestimentos utilizados pertencem à Coleção Experiências do Grupo Fragnani Cerâmicas, linha que traduz memórias e sensações em design, unindo inovação e aconchego. Bancos de alvenaria revestidos com piso cerâmico reforçam a praticidade e beleza, mostrando ao visitante como ideias simples podem ser aplicadas em casa.
Mais do que um espaço de contemplação, Descanso convida a sentir a paz que floresce na pausa: o silêncio se torna acolhedor, o olhar encontra beleza nos detalhes, e o corpo, repouso. Um lugar para renovar forças e reconectar-se com o essencial.
Ambiente 18 – Paisagismo para o brincar com sentido
A terapeuta ocupacional e empreendedora da inovação em infâncias, Stella de Wit, apresenta um espaço onde a natureza e a infância brincam juntas. Água, areia, grama e plantas nativas criam um terreno fértil para o desenvolvimento sensorial e emocional das crianças.
Entre as tendências utilizadas, destacam-se o banho de mato e o waterfooting, que incentivam a conexão com os elementos naturais e a regulação sensorial das crianças. O paisagismo prioriza plantas nativas e uma grama própria para o brincar, compondo um espaço que une liberdade e segurança.
O ponto central é a árvore literária, feita com pedaços de madeira reaproveitados de uma fábrica de brinquedos. Mais do que uma estrutura lúdica, ela se tornou símbolo da Fantástica Fábrica das Infâncias, marca criada por Stella, que une natureza, arte e literatura.
Além disso, elementos como água, areia e grama foram escolhidos para oferecer estímulos sensoriais fundamentais, que equilibram e harmonizam o brincar, evitando excessos. A proposta é simples e ao mesmo tempo transformadora: mostrar que a natureza é o maior recurso para a infância.
Stella espera que os visitantes levem consigo a mensagem de que o brincar na natureza é um legado intergeracional. O espaço inspira famílias a resgatar o valor do contato com o verde, criando memórias significativas e uma infância mais saudável, criativa e conectada ao essencial.
42ª EXPOFFLORA
Local: Holambra-SP
Data: - 29 de agosto a 28 de setembro de 2025
Horário: Sextas, sábados e domingos, das 9h às 19h
Ingressos: www.expoflora.com.br