A manutenção no paisagismo – dúvidas e questões existenciais
- Rachel Castanheira
Ao longo de mais de uma década atuando no Paisagismo, noto que a manutenção ainda é uma questão que gera muitas dúvidas e incômodos, tanto para os clientes quanto para nós, paisagistas. Por esse motivo, resolvi escrever este texto, para tentar trazer luz a algumas dessas questões percebidas.
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É muito comum clientes, após implantarmos um jardim em sua residência, terem dúvidas quanto à manutenção. Perguntas tais como: Quantas vezes por semana devo regar as plantas? Qual a quantidade de água devo colocar? A folha da planta ficou amarela, isso é um sinal de que ela está doente? A planta morreu três semanas após a implantação do jardim – quem é o responsável por essa condição? A planta está demorando demais para crescer – o que devo fazer? A planta cresceu demais, e agora, o que faço?
Créditos: Acervo pessoal – São Paulo - SP
Antes de abordarmos essas questões, é importante, de início, reforçar que nós, paisagistas, não estamos em lado oposto aos clientes (apesar de parecer óbvia esta afirmação, a prática, muitas vezes, evidencia uma outra percepção). Assim como os clientes, queremos ver os jardins crescerem e se desenvolverem saudáveis. Costumo, inclusive, dizer aos meus clientes que os jardins que projetamos e implantamos são como filhos para nós. Queremos o melhor para eles. Sempre.
Créditos: Acervo pessoal – São Paulo - SP
Dito isso, a manutenção, de fato, gera muitas dúvidas. E isso é explicável, em parte, pelo nosso distanciamento da natureza. Perdemos tanto o contato com o mundo natural das plantas (e dos animais também), que até mesmo ter que colocar a mão na terra virou um “perigo” para alguns. Ao recomendar aos clientes a inserção do dedo na terra, para ver se ela está úmida ou seca, já escutei alguns dizerem que não gostam de encostar na terra, pois ela é suja e pode trazer riscos à saúde.
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Mas voltando à questão prática da manutenção, um primeiro aspecto que gostaria de abordar é que manter as plantas saudáveis dentro de nossas casas (e escritórios) requer, sim, cuidados, energia e dedicação. Para quem quer ter um jardim em casa e não quer ter um mínimo de trabalho, recomendo refletir se, de fato, quer ter plantas em casas. Plantas são seres vivos e requerem cuidados frequentes, quando as introduzimos nos ambientes residenciais e comerciais. Por isso, caso a questão seja falta de tempo ou de energia para molhar as plantas, recomendo o uso de irrigação automática (quando possível). Assim como um PET precisa beber água e se alimentar de tempos em tempos, as plantas também precisam de uma periodicidade de rega (e de adubação).
Outro aspecto importante a ser abordado é que, sim, existem questões técnicas que envolvem o ato de cuidar de plantas. Porém, recomendo aos clientes não se aterem somente às recomendações técnicas que passamos, pois, às vezes, as plantas, no processo de adaptação e desenvolvimento, demandam ações que vão além das diretrizes básicas de manutenção. Por esse motivo, digo que cuidar de plantas envolve estar aberto para aprender constantemente, pois apesar de haver diretrizes científicas que recomendamos e seguimos, muitas vezes, estar atento aos sinais que as plantas estão emitindo é de extrema importância para a longevidade delas. Assim como um bebê chora ao estar com fome ou um cachorro late por estar com sede, as plantas também emitem sinais todo o tempo. Dessa forma, ver e sentir os sinais que as plantas estão manifestando é algo muito importante para o bom desenvolvimento de um jardim.
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Por fim, reitero que, mesmo nos casos em que a manutenção seja feita pelo morador da residência/trabalhador da empresa, caso haja dúvidas, é importante o cliente contratar um profissional capacitado para ajudá-lo na manutenção do jardim. Por mais que o cliente goste de plantas e tenha a “mão boa”, caso haja questões técnicas que precisam ser avaliadas e consideradas durante a manutenção do jardim, nada como um pesquisador e estudioso da área para auxiliá-lo.